Veja o que acontece quando um homem usa maquiagem por 5 dias

Por: Biah Percinoto

Desafiado pelos editores de beleza do BuzzFeed a usar maquiagem por 5 dias úteis, o repórter Isaac Fitzgerald contou ao site os detalhes de sua bizarra experiência, que também pode ser observada por meio de divertidos retratos que criou de si mesmo ao longo dos dias.

Lembrando que a única regra do experimento, além de usar maquiagem durante 5 dias ininterruptos de trabalho, era ir acrescentando o make aos poucos: no primeiro dia ele só usaria a base com o pó e rímel, no segundo aplicaria lápis e delineador, no terceiro blush…Até que no último dia estaria completamente maquiado.

Você pode conhecer seu relato completo, em inglês, aqui.

Primeiro dia
“(…) A primeira pessoa que eu vejo é o meu chefe. Estendi a mão para um aperto de mão e ele disse: ‘Agora eu sei como você se parecia no jardim de infância’. Se ele percebeu alguma coisa, além da minha falta de barba, ele não disse nada. E isso aconteceu ao longo do dia. Todos fizeram alguma piada sobre eu não ter mais barba, mas nem uma pessoa mencionou a minha maquiagem nos olhos, o que é insano! Como é que ninguém percebeu isso? Meus cílios parecem com espinhos negros brotando de minhas pálpebras; o contraste faz com que meus íris brilhe um verde desconhecido. A área ao redor dos meus olhos parece suave e inexpressiva. (…)

Segundo dia
“(…) No segundo dia as pessoas notaram, e uma vez que o motivo da produção era pra um artigo elas se sentiram livres pra compartilhar suas opiniões sobre como eu fiquei. Isto não é surpreendente para mim. O que me surpreendeu foi a minha reação. Claro, eu não sei me maquiar direito e eu sou um pouco pálido, mas eu comecei a ficar mesmo magoado e ofendido com as declarações.

‘Você está usando maquiagem?’, meu bartender Hugh, olha para mim, incrédulo.
‘Sim, o que você acha?’, respondo.
‘Eu acho que o mundo está cada vez mais de cabeça para baixo’, diz Hugh.
‘Seus cílios stão impecáveis’, diz uma garçonete

Quando chego em casa, minha namorada me cumprimenta dizendo: ‘Você se parece com um filme expressionista alemão!’. Eu me sinto cansado e chateado pelo simples ato de caminhar o dia todo com uma sutil maquiagem. O que eu pensei que seria uma experiência divertida está começando a afetar de verdade minha confiança.

Antes desta experiência, nunca lavei o rosto regularmente. Talvez isso não seja a coisa mais higiênica de se admitir, mas até antes desta semana minha limpeza facial se resumia a um esguicho de água. Agora eu lavo meu rosto com vários cosméticos e estou realmente exausto.”

Terceiro dia
” ‘Suas bochechas estão aparecendo!’.

Minha editora diz ter recebido inúmeros e-mails perguntando sobre por que estou usando maquiagem, o que faz sentido. As pessoas não querem ofender, mas eles são curiosas.

No trem eu noto que as pessoas mais velhas olham para mim, e suas cabeças me perseguem enquanto ando. As pessoas mais jovens nem sequer notam. Dito isto, começo a reparar muito mais nas pessoas, e começo realmente a acreditar que homens talvez pudessem se beneficiar com um pouco de maquiagem. Talvez preencher as sobrancelhas desiguais. Qual o problema? ”

Quarto dia
“(…) Eu estava me sentindo bem, mas não pude deixar de notar que a maioria dos homens evitavam o meu olhar. Estou acostumado a andar por aí e fazer contato com os olhos, balançando a cabeça, sorrindo, e recebendo o contato visual, acenos e sorrisos em troca. Mas naquele dia as pessoas olhavam pra qualquer parte do escritório, menos pra minha cara.

Na hora do almoço eu tento comer macarrão sem borrar meu batom. Deixo cair molho em tudo até que desisto. Vou ao banheiro retocar o meu “Sephora Luster Matte”. Homens entram e saem das cabinas e olham pra mim de canto de olho.”

Quinto dia
No último dia escolhemos cores escuras e dramáticas – roxo e cinza com brilho. Eu pareço um fã adolescente de Lorde. Pela primeira vez desta semana eu me sinto realmente confiante. Eu realmente ando por aí me sentindo deslumbrante. A maioria das pessoas olham para mim. Elas me cobiçam. No escritório, um colega de trabalho grita ‘Você parece uma princesa gótica’. Eu me encontro com um amigo de um amigo em um bar, depois do trabalho, e ele me cumprimenta com um ‘Você parece fantástico!’.

No metrô lotado sou agredido verbalmente por um cara: ‘Cuidado, viado’, diz ele, me empurrando para a frente. Antes que eu possa responder, ele corre e desaparece na multidão. Este é um momento em que eu meio que tinha esperando durante toda a semana, mas como todos esses momentos, quando eles realmente acontecem estamos despreparados. Eu simplesmente fiquei sem resposta. Eu nem tenho certeza se ele viu a minha maquiagem.

No trem todos olham. Jovens, velhos, não importa. Mas as pessoas sorrirem também. As mulheres em especial. As mulheres com lábios grandes, coloridos olham para mim e me dão sorrisos brilhantes. Há um desfile acontecendo na minha cara! Fogos de artifício! Pela primeira vez nesta semana eu lamento ter que lavar minha maquiagem.

Eu sei que não vou querer mais me maquiar todos os dias, apesar de já ter adquirido o hábito de lavar o rosto todas as noites. Mas eu gostei de como meus olhos ficaram quando usei rímel. Gostei da forma como meus lábios brilhavam depois que eles estavam cobertos de batom. Acima de tudo, eu encontrei na maquiagem uma experiência interessante de auto-apresentação, algo não muito comum em um cara, como eu, que se veste do mesmo jeito há anos.

Esta semana de maquiagem me fez visível de um jeito que eu não estava acostumado. Não foi só um choque contínuo de ver meu rosto brilhante, eu tive que lidar com a forma como todos se sentiam sobre isso. Como eu me sentia sobre isso. Como a maquiagem estava em desacordo com o resto de mim, como a maquiagem nem sequer tem que ser pesada para fazer as pessoas te acharem estranho. Como eu me sentia estranho e sufocado e auto-consciente, apesar de mim mesmo.

Para muitos, a maquiagem é um conforto. Maquiagem é destacar suas qualidades e atributos positivos. No último dia, apesar de todas as vibrações estranhas e constrangimentos da semana, eu finalmente senti isso também.”