Após perda do pai, jovem percebe superficialidade do consumo e fica 200 dias sem comprar

“A maioria dos bens materiais são coisas das quais não precisamos. Eles acrescentam apenas uma centelha de felicidade em sua vida. Mas a centelha desaparece rapidamente e, a menos que você tenha uma base constante e sólida de bem-estar emocional, você precisa acender estas faíscas continuamente comprando mais e mais”.

Esta frase acima é de Assya Barrette, uma jovem que vive nos Estados Unidos, país onde consumir desenfreadamente é parte do estilo de vida das pessoas. Na contramão desta realidade, ela decidiu mudar sua vida após a perda de seu pai que faleceu devido a um câncer.

Quando Assya se reuniu com sua família para esvaziar o apartamento do pai, além de se deparar com todas as lembranças e a dor daquela ausência, ela ficou impressionada com a quantidade de coisas que o homem havia acumulado ao longo da vida.

“O mês que passamos limpando seu antigo apartamento chocou a todos nós. Tinha muita coisa: sacos de roupas, quinquilharias diversas, montanhas de livros, utensílios de cozinha, móveis. Tudo o que ele juntou ao longo de sua vida”, contou em seu blog.

Assya percebeu o quanto seu pai havia investido dinheiro e esforço para adquirir todas aquelas coisas que, no final das contas, acabaram sendo doadas, vendidas ou jogadas no lixo.

“Convenci-me de que o consumismo no qual fui criada era profundamente míope e prejudicial. É um sistema que não reconhece nada além das necessidades a curto prazo de um indivíduo. Não há contexto mais amplo. É só você, o material e seu desejo de comprar aquelas coisas”, explicou.

A percepção de Assya sobre consumo também avançou para questões ambientais. “O ambiente se ferra, sua carteira se ferra… E um dia, quando você morre, todo mudo se ferra para se livrar de tudo que acaba indo parar em aterros sanitários ou em nossos oceanos”, disse.

A partir dessas conclusões, a jovem decidiu se desafiar a não comprar nada além do que precisasse e estipulou 200 dias para iniciar a seguir este novo estilo de vida. Ela se desfez de coisas que tinha em excesso em sua casa, passou a adotar maneiras conscientes para produzir o mínimo de lixo possível e a utilizar aplicativos de trocas para conseguir coisas das quais precisava.

Ela não comprou nada novo, exceto alimentos, artigos de higiene e remédios. Todo o resto foi emprestado ou comprado de segunda mão. Quando os dias determinados por ela acabaram, ela permaneceu seguindo da mesma maneira, com seus novos aprendizados.

“Aprendi que tudo continua bem mesmo que minha calcinha esteja velha ou se eu não comprar aquele creme que eu achava indispensável. Não há problema algum em usar menos shampoo e condicionador para fazê-los durar. Não há problema nem em ficar sem aquilo que você pensa que precisa, pois na verdade você não precisa”.